maio 12, 2009

Gavetas…


Blogs são assim feito gavetas. Gavetas da alma, caixas, onde a gente guarda coisas, preciosas ou fúteis, mas que não se quer perder ou que faz algum sentido jogar para o lado do futuro.

Alguns são bagunçados e coloridos, como as gavetas dos adolescentes, outros formais, impecáveis, feito gavetas de revistas de decoração, uns outros tantos são gavetões, pesados de saberes, outros, ainda, pueris como as gavetas das meninas. É fácil de se encontrar em uns, enquanto em outros a alma se escarafuncha e afinal desiste, cansada de buscar.

Todos, no entanto, são gavetas escancaradas ao olhar curioso de quem passa.

Nesse blog-gaveta estão (des)arrumadas as reflexões e idéias que fui catando durante esses seis anos de caminhada e que foi uma alegria compartilhar com vocês. Essa gaveta, abarrotada, continua aberta. Há que se abrirem outras…

Partir e voltar são apenas dois momentos do mesmo sentimento irresistível e urgente de mudança. Não é à toa que nossa espécie às vezes é tão confusa!

Não é mudança de rumo, nem de caminho, a estrada é sempre a mesma, a gente é que se perde, dá voltas, guinadas, nós…e, em algum momento, percebe que foi longe, e está na hora de voltar…

Ou, como dizem os sábios chineses:

Primeiro havia a montanha
Depois não havia a montanha
E, afinal, havia apenas a montanha, assim como ela existia desde o início. Era óbvio, você é que não via!

E foi pensando nas gavetas da alma e nas montanhas que surgem e desaparecem no horizonte, conforme as curvas da estrada e o cansaço do viajante, que resolvi adormecer esse blog sem tristezas e me despedir com poesia.

Escolhi essa, de uma mulher que canta o mar feito marinheiro e tem alma de pirata, Sophia de Melo Breyner:

“Sou o único homem a bordo do meu barco
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.

Gosto de uivar no vento como os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.

A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo desse sonho e nunca durmo.”

Vamos nos encontrar por aí…

Anotem os endereços dos novos experimentos:

Em Casa, um blog sobre a arte de ficar no seu canto

Fifties, mulheres apaixonadas pela vida